Mente não funciona como um computador
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A mente humana não trabalha como o processador de um computador, afirmou um estudo publicado pela Cornell University, dos Estados Unidos.
Diferentemente do que se sugeria, o pensamento não é formado por uma série de estágios distintos (zeros e uns), e sim como um "contínuo dinâmico", com estágios intermediários que evoluem para uma determinada escolha.
Para chegar a essa conclusão, o psicolingüista e professor Michael Spivey monitorou o movimento do ponteiro do mouse de estudantes enquanto estes trabalhavam no computador.
Em seu estudo, Spivey solicitou que os 42 alunos observados clicassem em figuras de diferentes objetos na tela do computador.
Após ouvirem, por exemplo, a palavra "candle" (vela, em inglês) e apresentados a duas figuras que não tivessem nomes parecidos (como uma vela e uma jaqueta), as trajetórias do ponteiro eram praticamente retas e se direcionavam instantaneamente à figura correta.
Mas quando foram apresentados a duas figuras com nomes parecidos, como "candle" e "candy" (vela e doce, em inglês, respectivamente), os estudantes mostravam uma demora um pouco maior para clicar no objeto correto.
A trajetória do ponteiro, também, se mostrava muito mais curva. Segundo Spivey, os estudantes começaram a movimentar o mouse antes que a palavra fosse completamente proferida, mostrando que eles não sabiam qual a opção correta por "dezenas de milisegundos".
A teoria apresentada é de que o pensamento dos estudantes estava em "múltiplas instâncias ao mesmo tempo", ou seja, movimentavam o mouse por uma "área cinza em que não sabiam se estavam certos ou errados".
A curvatura, de acordo com Spivey, demonstra que a ambigüidade fora gradual e prova que o cérebro é um sistema dinâmico - diferente do processador.
Por ser binário (zero e um), o sistema do computador apresenta momentos estáticos antes de se decidir.
Para o professor, o sistema biológico pode estar parcialmente em um estado ou outro, e eventualmente gravitar em outra interpretação para, então, processar a informação recebida.
"A teoria de que a mente funciona como um computador, em uma série de estágios distintos, foi um importante ponto de partida para a ciência cognitiva, mas deve ser abandonada", conclui o estudo.